Welcome Everybody!

Um blog que que pretende mostrar aquilo que você vê, mas não enxerga.
As essências escondidas por trás do que parece óbvio.
Enxergou além? Se pronuncie! O que você vê nas postagens?
Enxergue! Reflita! Sugira! Cause! Se mova!

"
Palavras, palavras... se me desafias, aceito o combate."
(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

500 pessoas, 501 descasos

A Caminhada pela Paz, Contra a Violência, que ocorreu no domingo, dia 07/08, percorrendo o trecho Avenida Garibaldi até o Palácio de Ondina, apesar de não ter atingido seu objetivo por completo, foi, indiscutivelmente, uma manifestação de peso que atraiu os olhares da população e imprensa para uma causa que é de todos: o fim da violência na capital baiana.

A caminhada contou com cerca de quinhentas pessoas, todas trajadas de branco, como um símbolo de paz. Manifestações como estas, ou mesmo maiores, seja a causa qual for, sempre existiram no mundo, entretanto parecem ter sido esquecidas pelo tempo já que outrora eram muito mais ativas. Se lembrarmos do passado, podemos concluir que várias delas são responsáveis pela configuração atual da nossa cidade, estado, região ou país.

Alguns destes movimentos que marcaram a história foram os do Sindicato dos Trabalhadores, que lutavam para defender os direitos trabalhistas; as primeiras greves operárias, as lutas de Gandhi, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial Inglesa, além de inúmeras outras. O que todas elas têm em comum é o fato de terem um propósito claro e abrangente, assim como uma quantidade significante de pessoas, estas que estavam ali dispostas a ir até o fim para atingir o objetivo proposto, tanto que representam hoje grande influencia no nosso modo de vida.

Ironicamente, é justamente essa organização e eficiência que falta nas manifestações da atualidade, como exemplo da Caminhada Pela Paz. De início podemos constatar a futilidade de diversos “movimentos”, que não visam nenhum benefício à sociedade, o que diminui a credibilidade dos movimentos que realmente têm algum embasamento.

Há também o excesso de pressa. A sociedade pós moderna executa diversas atividades aio mesmo tempo, sempre com horários apertados, ninguém mais reserva um momento para resolver os problemas, ainda que seja algo de extrema importância. Uma constatação disso é a insignificante quantidade de pessoas que participaram da Caminhada contra a Violência, se comparada ao número de soteropolitanos que sofrem este problema.

Destes e de mais tantos outros pontos vem o desinteresse do governador Jaques Wagner para com a manifestação. Não que tenha sido uma atitude correta ou sensata, mas a população provou que não sabe se articular envolta de um problema tão gravidade para Salvador e que já extrapolou os limites do aceitável. Diante da importância e validade da causa o governador poderia e deveria ter recebido os manifestantes, mas ao contrário, a atitude dele mostrou que descaso é tratado com descaso.  



Por Vicky Fechine

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Homofomídia


A cultura baiana e até mesmo a brasileira, apesar de se achar aberta e moderna, é extremamente conservadora. Qualquer episódio um pouco fora do “normal” é tido como absurdo. Pode-se constatar isso fazendo um teste bem simples como sair de casa com um pé de cada meia e observando a reação exagerada de espanto das pessoas para este ato tão insignificante. Quando se trata de temas mais delicados, como a homossexualidade, estas reações são bem mais elevadas.

A homossexualidade existe desde o tempo dos índios, ou seja, é mais antiga do que o próprio descobrimento do Brasil, entretanto até hoje é um assunto polêmico e pouco aceito pela sociedade, talvez por ter sido sempre repreendida, sem ter um espaço, sendo obrigada a se manifestar às escondidas.

O que a mídia vem fazendo ultimamente é expor constantemente o tema e suas vertentes, principalmente a homofobia, e isso é um ganho para a comunidade LGBT, pois, além de ser uma evolução na representação homossexual, a grande mídia é um forte instrumento de formação de opinião, levando em consideração que a maioria da população é analfabeta estrutural ou funcional, e 95% dos lares brasileiros possuem aparelho de TV. Logo, querendo ou não as pessoas acabam tendo uma dimensão mais ampla sobre os problemas enfrentados pelos homossexuais e refletindo sobre essa discriminação.

Pelo fato de a maior parte da sociedade ter uma visão conservadora, não estando culturalmente preparada para lidar com certas questões, como foi dito anteriormente, ela despreza os temas relacionados à homossexualidade tratados pela mídia, afirmando serem inapropriados e excessivos. Contudo, esses subtemas, incluindo a homofobia não passam de casos reais que acontecem todos os dias, com diversos gays, em locais de todo tipo, e são provocados justamente pela maioria destas pessoas que desaprovam a abordagem. Repito: pela maioria.

Apesar de atualmente os meios de comunicação estarem apostando bastante no tema homofobia, a mídia ainda retrata muito menos do que acontece. A questão é que o diferente incomoda. Mas há um porém. O fato de não haver excesso na forma de a mídia tratar o tema ‘Homofobia’, não quer dizer que ela retrate da forma correta, mais adequada, ou pelos motivos certos. O que mais se vê na televisão são estereótipos e abordagens preconceituosas e desrespeitosas. Sem contar o fato de que as personagens gays são excluídas da trama central, possuindo sempre papéis secundários. Há muitas outras expressões da homossexualidade a serem apresentadas, falta naturalidade.

A cultura preconceituosa do povo brasileiro é algo preocupante, que precisa ser repensada e trabalhada urgentemente. Chegou-se ao ponto em que é mais “normal” o Mensalão, o metrô de Salvador completar doze anos sem nem funcionar, agredir homossexuais nas ruas, menosprezar a capacidade dos negros e as habilidades da mulher, brigar em festas, usar drogas, roubar e até matar, do que tocar no assunto homossexualidade. Uma prova disto é a audiência exacerbada do programa Se Liga Bocão. Que país é esse?

Vicky Fechine